Museu de escultura, Caxias, Lisboa.
Como exercício académico de final de curso foi-nos proposto que desenhássemos um museu em Caxias, nos arredores de Lisboa.
Apesar de muito importantes para o desenvolvimento urbanístico da chamada Costa do Sol, a Avenida Marginal e a linha de comboio, que se prolongam ao longo da costa ligando Lisboa a Cascais, constituem uma barreira constante e de difícil atravessamento, condicionando o acesso pedonal urbano às praias e aos seus equipamentos de apoio. A ideia foi transformar a barreira física, que se impõem, numa fronteira permeável que permita o diálogo mais aberto entre o lado urbanizado de Caxias e o lado da praia. A questão que se pôs foi: como é que se constrói uma ponte, que mantenha a estrutura viária presente, desenhando um museu?
Para construir a ponte desenhei uma sucessão de pórticos que vão apoiar a plataforma que constrói a avenida marginal e a linha do comboio. Para desenhar o museu abri buracos em cada um destes pórticos de maneira a que todos juntos formem uma série de tuneis que se juntam ou separam dispondo desta forma os vários espaços do museu.
O museu pretende ser uma fronteira permeável, através do seu átrio central, que liga o jardim das palmeiras à praia onde está implantado o forte de São Bruno, tirando partido do facto de as cotas do terreno dos dois lados da marginal e linha do comboio serem as mesmas.
Neste sítio a marginal existe sobre um aterro, a estrutura do museu vai substituir o aterro construindo uma ponte. Parcialmente enterrado, o museu apresenta uma fachada de 4 m de altura que corresponde à distância entre as cotas da praia / jardim e a marginal / linha do comboio. Esta fachada é composta pelo desenho dos pórticos dispostos verticalmente a cutelo, separados entre si por portas de vidro, permitindo um contacto visual constante, através do museu, entre o jardim das palmeiras e a praia, na zona do átrio central o museu permite a passagem entre estes dois espaços.
O Museu promove um sentido urbano de atravessamento perpendicular ao seu próprio sentido de organização interior. Para enfatizar este contraste usei a ideia de movimento presente em "Jeune homme triste dains un train" de Marcel Duchamp.
Caxias, Portugal 2006